quarta-feira, 8 de abril de 2015

Édipo Rei: Por uma moralidade cósmica

Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos
  

Vejam bem, habitantes do século XXI, meus contemporâneos! Este é Édipo, decifrador de enigmas famosos; ele foi um senhor poderoso e por certo muitos poderiam invejá-lo em seus momentos de glória e prosperidade. Porém, poucos podem imaginar o que lhe reserva o destino, o imenso abismo no qual ele caiu.
Antes de apresentar nosso personagem e sua epopeia, faz-se necessário uma breve pausa no texto para estabelecer uma ponte entre Édipo e Giges, um dos personagens da última história intitulada Breaking Bad, Platão e a moralidade, apresentado neste mesmo espaço, onde tracei um esforço para futucar o problema da moralidade. Não vou adentrar nessas questões novamente, sugiro, entretanto, para os que não leram o último texto (Breaking Bad, Platão e a moralidade,), que façam a leitura, pois vamos, vez ou outra, dialogar com ele. Esse diálogo tem como rota conduzir a reflexão para primeira tentativa de solucionar o problema da fundamentação da moralidade. Assim como Mister White e Giges foram escolhidos para assentar o problema da moralidade, Édipo será aquele que irá nos guiar pela primeira resposta a seguinte questão: Em que está fundada a moralidade? Isto posto, sem muita delonga, vamos chamar nosso personagem.


Tateando os objetos, tropeçando, andando meio cambaleante; ainda se acostumando com a cegueira, vai Édipo ao encontro do trágico destino, do inevitável, mais terrível que a morte. Seus olhos ainda estão ensanguentados, do seu rosto jorram sangue e suor, o líquido vermelho traça um caminho por onde passa. A dor, o sangramento e a cegueira, tão recente quanto o fatídico e brutal acontecimento, acompanha nosso personagem. Lá fora, em frente ao seu castelo, onde reinou por 15 anos, seus súditos esperam ansiosos para saber o desfecho do trama trágico.

Édipo passa pelos corredores em direção à multidão, as imagens rodopiam em sua cabeça como se fosse um filme. Enfim soubera da história inteira, o quebra cabeça foi montado, tudo que aconteceu ele agora sabe nos mínimos detalhes. Assim, lacônico, absorto em pensamentos, é sugado por uma nuvem de lembrança que desloca nosso trágico herói para uma série de acontecimentos que explicam sua sina. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Propostas Curriculares para o Ensino de Filosofia

Em 02 de junho de 2008 foi sancionada a lei que altera o artigo 36 da LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Essa alteração diz respeito a obrigação da presença das disciplinas Sociologia e Filosofia nos currículos das instituições educacionais de ensino médio. A presença das duas disciplinas é uma conquista de toda sociedade brasileira, que, representada por diversos setores ,vinha, há muito tempo, brigando pela inclusão das disciplinas na grade curricular.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Breaking Bad, Platão e a moralidade


Walter é um professor de química de uma escola secundária nos Estados Unidos, além de lecionar ele também trabalha em uma loja de conveniência, como uma forma de angariar mais recursos para ajudar nas despesas em casa, onde ele vive com a esposa, que está grávida, e um filho que teve paralisia cerebral. Walter tem então 50 anos, leva uma vida pacata como um intelectual fracassado, suas aulas de química são tidas como chatas, no posto onde trabalha ele sofre com o excesso de autoridade do seu patrão e quase nunca pode responder exatamente por sua vida. Parece que Walter aposentou seus sonhos, seus projetos e selou os olhos para tentar não vê-los.  
Ao completar 50 anos ele descobre que está com um câncer, um cancro pulmonar fulminante. Os médicos não sabem ao certo, mas as perspectivas de vida de agora em diante são mínimas, a morte bate na porta do seu quarto e a qualquer momento poderá entrar. Aparentemente ele não se importa com a morte, com o fato do fim da vida, parece que não vivera até então uma vida bem vivida, mas ele se importa com aqueles que irá deixar, se importa com seu filho, com sua esposa e sua filha que está para nascer, se importa com a hipoteca da casa. O futuro é incerto para morrer agora. Evitar a morte provavelmente é impossível; pensando bem e analisando dentro de algumas estatísticas ele pode viver  um pouco mais, ou mesmo quem sabe pode até ficar curado, existem casos milagrosos que fogem das perspectivas da medicina, mas todavia isso é incerto, muito incerto para deixar aquietar sua mente e coração. Se tiver que morrer agora, deixando algum sentido para a vida, é aquele de que deixou sua família, mas deixou eles bem. Mas, como fazer isso, uma vez que deixar sua família bem, pressupõe conseguir bastante recurso financeiro, suficiente para quitar a casa, pagar a faculdade do filho e as despesas da esposa e da criança?
Com a vida de professor e no posto de gasolina, mesmo que consiga viver mais uma década, não será possível, o que ganha é o suficiente para manter as despesas da casa e só isso. Com isso Walter White precisa descobrir uma forma de ganhar dinheiro rápido, ele precisa ser mais rápido que o câncer. Nessa corrida que conduz para morte ele precisa encontrar um atalho que leve ao dinheiro, muito dinheiro.