Nós
dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos
Vejam bem, habitantes do século XXI,
meus contemporâneos! Este é Édipo, decifrador de enigmas famosos; ele foi um
senhor poderoso e por certo muitos poderiam invejá-lo em seus momentos de
glória e prosperidade. Porém, poucos podem imaginar o que lhe reserva o
destino, o imenso abismo no qual ele caiu.


Tateando os objetos, tropeçando, andando meio cambaleante; ainda se acostumando com a cegueira, vai Édipo ao encontro do trágico destino, do inevitável, mais terrível que a morte. Seus olhos ainda estão ensanguentados, do seu rosto jorram sangue e suor, o líquido vermelho traça um caminho por onde passa. A dor, o sangramento e a cegueira, tão recente quanto o fatídico e brutal acontecimento, acompanha nosso personagem. Lá fora, em frente ao seu castelo, onde reinou por 15 anos, seus súditos esperam ansiosos para saber o desfecho do trama trágico.
Édipo passa pelos corredores em direção à multidão, as imagens rodopiam em sua cabeça como se fosse um
filme. Enfim soubera da história inteira, o quebra cabeça foi montado, tudo que aconteceu ele agora sabe nos mínimos detalhes. Assim, lacônico, absorto em pensamentos, é sugado por uma nuvem
de lembrança que desloca nosso trágico herói para uma série de acontecimentos que explicam sua sina.