![]() |
Photo by Luis Machado |
Continuando meu itinerário, na esteira das dicas que pudessem me conduzir as respostas mágicas, respostas que pudessem, enfim, por fim a dor de parto daqueles que se detêm com o filosofar e sua utilidade, me concentrei nas elucubrações mais novas e as mais conhecidas dos vários filósofos, desde aquelas que dizem: "Ora essa! Filosofia é o amor a sabedoria", ou até mesmo as que diziam que ela é um segredo impenetrável, ou ainda as que afirmavam que a filosofia é o saber que possibilita estabelecer o vinculo do finito com o infinito, ou a criação de conceitos, o acesso a uma forma de pensar crítica e rigorosa. Todavia ao concentrar na reflexão da primeira definição: "a Filosofia é o amor a sabedoria", criada, segundo a tradição, por Pitágoras de Samos, percebi que essa definição, por mais poética que venha a ser, a meu ver, não tira tanto o problema, pode até servir como uma base provisória, todavia exige ser pensada profundamente para que conduza a pistas mais seguras do significado e sentido da filosofia. Essa resposta convida a várias outras, ela leva a questionar que amor é esse? O que difere ele dos demais amores? Será que é igual ao amor de Romeu? E ai encontro com Djavan, é um "amor que não cabe em sí" e com isso chega-se a poesia, a música. Penetrei ainda mais nessa seara até o ponto de perguntar: o que é essa sabedoria? É igual a sabedoria oriental?
![]() |
Photo by Luis Machado |
Após
minhas reflexões em torno da poesia e da música, cheguei a um ponto, no qual
não poderia recuar, pensei: Não seria mais interessante começar o
questionamento sobre a origem e a utilidade refletindo sobre o porque da
pergunta acerca da utilidade e identidade da filosofia? Por acaso alguém
pergunta para que serve a Biologia? A Química? A Matemática? Veio-me desta meditação que por trás dessa pergunta existia certo preconceito misturado com
medo. O preconceito reside no fato um pouco inconsciente de que a filosofia é
sem utilidade, sendo o filosofar, como diz, desde o tempo
de Tales de Mileto, (o primeiro filósofo da história),
distração de um louco, pessoa que "vive no mundo da lua". Essa
imagem já começa a se constituir na Grécia, por exemplo: neste período (inicio
do Sec. VI a.C) já circula nas cidades gregas a famosa história do falecimento
de Tales, segundo nos conta ele andava meditando acerca do primeiro princípio,
sobre o que causou tudo que existe a nossa volta e nós mesmos, a reflexão era
tão profunda que impossibilitou o filósofo perceber um buraco a sua frente, ou
a de Sócrates que andava a filosofar sempre com a cabeça nas nuvens. Parece que
desde esse momento a Filosofia se mostra como um algo que merece escárnio. Mas
isso deriva da natureza da Filosofia? Será ela um que sem sentido, uma espécie
de veículo para o além? E nada tem a oferecer de prático? Ou, tão pouco tem que
se torna invisível?
Nas
minhas andanças em busca da identidade e da funcionalidade fui obrigado a
assistir o caminhar da história e neste caminhar percebi como dessa curiosidade
humana que se concentra, talvez, num primeiro momento em questões metafísicas,
religiosas, da existência de Deus, da alma, passando pela organização e
funcionalidade do mundo até a organização das cidades e da prática ou conduta
humana, nasceram todos os demais saberes, aqueles que futuramente viriam
analisar os seres vivos, a saúde humana, a organização do estado, a mente do
homem e seu comportamento em sociedade. Mas, tudo isso adveio da necessidade
humana de se perguntar, de questionar, de refletir, de analisar. Não é por
acaso que Aristóteles, na obra Metafísica, afirma que a filosofia começa com a
admiração (thaumazein) e que o homem é naturalmente inclinado para
o saber. Sendo que no início essa admiração estava
voltada para as primeiras dificuldades na lida com a natureza, na observação
dos fatos cotidianos, a complexidade dessa admiração (espanto) levou o homem a
ousar ir além e perguntar pela genealogia do cosmo e todas as mutações no
mundo. Por muito tempo a Filosofia foi o único veiculo racional para explicar
os diversos fenômenos nas mais diversas áreas. Ampliando essa necessidade e
capacidade humana ela se desmembrou em várias outras disciplinas e estudos, com
seus objetos específicos, construindo-se cidades com arquitetura e engenharia
complexa, máquinas, teorias avançadas acerca do funcionamento da mente humana,
entre tantas outras invenções. Mas, enfim, onde reside o problema, onde está o
ponto, que fizera com que esse motor (a Filosofia) que, de certo modo, minou a
forma de pensar e pariu as várias ciências da atualidade, venha a
ser ignorada? E por que ela foi relegada a condição que está hoje?
![]() |
Photo by Michele Sararas |
Retomo
mais uma vez o árduo trabalho que a realidade, com suas nuances, prática,
consumista, imediatista, utilitarista me impulsionou a adentrar. Tendo como
chave a seguinte pergunta: Por que o mundo precisa de filosofia?
Não vou
descrever a sociedade na qual vivemos, tão pouco adentrar no pensamento de
filósofos, sociológicos ou educadores que tomam a defesa da filosofia apontando
teses e contra teses, simplesmente tratarei de mostrar alguns
pontos essenciais que intencionalmente e circunstancialmente colocaram o ensino
e a prática da reflexão filosófica a margem.
Primeiro
insisto em afirmar que embora esse seja um fenômeno mundial, ou seja, os
descréditos com a Filosofia e as Ciências que refletem sobre o comportamento e
a sociedade, é também uma realidade que o dito descrédito, afeta muito mais os
países onde o número de analfabetos é maior. Pois, ainda que queiram afirmar
que o ensino da filosofia sede lugar para o da tecnologia nos países
desenvolvidos, esse discurso não consegue se sustentar por muito tempo, pois a
filosofia tornou-se uma base de sustentação teórica para as ciências, sobretudo
nos campos da filosofia da mente, da linguagem, dos conceitos, da lógica. Penso
ser mais coerente o discurso que recai sobre outros pressupostos: A intenção de
excluir da formação a capacidade humana de criticar, analisar, refletir, o que
necessariamente produz um ser humano apto para uma sociedade que alimenta a
corrupção, as mazelas sociais e que convive nela sem perceber que são eles que
mantêm, muda, ou constrói a realidade. Isso se prova, por exemplo, no fato que
recai sobre a exclusão das disciplinas sociologia e filosofia das instituições
de ensino dos países cujos governos são ditatórias. Outro fator que justifica o
descrédito da filosofia é a emergência que se dá e tem seu início com as
revoluções industriais e tecnológicas, sendo essas emergências a da compreensão
de que não a mais nada para descobrir, pois o homem chegou a idade da razão, do
positivo, cabendo unicamente fazer ciência. Outro fator, simples, mas de grande
importância, está afeito ao fato de que em uma sociedade da velocidade, da
correria, do que é urgente, o agir está em detrimento do ser, refletir e
pensar, pois para pensar, refletir e criticar, requer tempo, enquanto o que é
valorizado é o reproduzir, ou no máximo o produzir.
Mas,
ainda que todos esses fatores sejam reais, o que muitos não sabem é que a Filosofia
continua ali, andando ao lado deles em meio de toda essa correria, como uma
sombra acompanhando um cego. Isto porque a Filosofia está nos mais diversos
campos da vida humana, com isso digo que estamos com os elementos da Filosofia,
ou suas atividades básicas, mesmo sem saber. Não sabemos que quando perguntamos
a hora as pessoas estamos mostrando que acreditamos na existência do tempo e
que as coisas e o mundo é regulada por ele. A questão do tempo e de sua
existência é um tema filosófico. Quando perguntamos a alguém quem ela é,
acreditamos que aquela pessoa tem uma identidade, ela é alguma coisa, que é
somente ela e mais nenhuma outra. Eu creio, com essa pergunta, que posso
conhecê-la. Quando dizemos que alguém está mentindo é que acreditamos que
existe a verdade, ainda que não saibamos qual o fundamento para que algo seja
verdadeiro, temos em nós a noção de que uma verdade existe. Dizemos
constantemente, isso não é real, você está iludido, você perdeu a razão. Ora,
quantos elementos filosóficos embutidos em nossas falas cotidianas e não
sabemos. Mas não paramos por ai, não sabemos que a lógica do computador que usamos
é uma lógica que remonta os tempos áureos da Filosofia e está bem descrito na
monadologia de um filósofo alemão chamado Leibniz. E por último, não percebemos
que a ciência busca para seus objetivos e propostas as respostas já analisadas pela
a Filosofia; método, racionalidade, objeto, conhecimento, não é campo de investigação
da ciência, mas da Filosofia, entretanto a ciência se vale do anonimato da Filosofia
para fundamentar seus experimentos, pense que Descartes era filósofo, mas seu
método é tão vivo na Ciência atual e não é por acaso que existe a Filosofia da
Ciência nos departamentos de Física.
Enfim,
chegamos a mostrar como e porque a Filosofia é detentora desse engodo de não
útil e também que na verdade ela é tão presente nas nossas vidas, mostrando e
exemplificando seus elementos tão fortes nas nossas práticas costumeiras e
também, tão rica para o trabalho dos cientistas. Na verdade estamos cheios de Filosofia,
é uma pena também não percebermos. Na sua casa existe uma série de aparelhos
que funcionam graças a lógica filosófica. Mas não chegamos, com isso,
necessariamente ao ponto que nos propomos a responder: Por que o mundo precisa
de filosofia?
O
trabalho que me coloquei a realizar é hercúleo, reconheço que ele é inicial, na
verdade elementar e lancei o mesmo, muito mais como uma provocação, a fim de que
se reflita sobre a Filosofia e sua necessidade para o hoje que vivemos. Daí ser
essa reflexão, ainda carente de um trabalho mais pormenorizado. Cabe a outros
estudantes de filosofia pensar e escrever acerca desta questão, deste tema, que
é, a meu ver, de crucial importância, tendo, inclusive suas razões embutidas
nas partes anteriores.
Se
começássemos essa discussão em uma escrita filosófica estrita, ou seguindo uma
argumentação, somente no campo de estudo, certamente para dizer que o mundo
precisa de filosofia, ou não, deveria começar pela definição do que é mundo.
Realmente seria esse um trabalho interessante e até profundo, só que almejo que
esses escritos alcancem um número maior de pessoas, cujo contato com a
filosofia seja inicial e não tanto acadêmico e nisto reside a forma de
linguagem e argumentação mais exotérica, mais convidativa. Importa refletir
sobre a necessidade da filosofia, sobre o ato de filosofar. Assim, a fim de
seguir um encadeamento lógico mais pormenorizado nesta última parte decidi
responder ao "por que" em tópicos, apontando e trabalhando em cada
um. Deixando aberto para que muitos outros tópicos possam ser apresentados.
A
primeira justificativa que apresento para a necessidade da filosofia no mundo
está afeita a formação da mentalidade. Mas o que quero dizer com mentalidade,
por que forma-la e o que consiste isso? E vou além, em que a filosofia é
detentora dessas prerrogativas de formadora da mentalidade? E que mentalidade
ela forma? Sabemos que o homem é racional, mas um racional que no contemporâneo
ultrapassa o campo da razão que conhecemos e abraça uma inteligência que é múltipla.
Um racional que carrega junto a lógica, a afetividade, a criatividade e outras
inteligências. Daí concebermos a mentalidade hoje como algo mais complexo, mais
abrangente. Com isso, respondemos, e essa é uma resposta particular, que
certamente reconstitui o conceito de mente, que a mente é um complexo humano,
um campo múltiplo de faculdades que para dar conta das demandas do mundo atual
precisa se desenvolver e funcionar em conjunto. Assim a filosofia tem uma um
papel peculiar, que é possibilitar ao homem um saber pensar, refletir, analisar
discutir problemas, levantar questões, formar um espírito crítico. Isto porque
ela, a filosofia, já com sua história convida o homem a perceber o mundo como
um campo de investigação e o homem como o ser dotado da capacidade para se
encantar, brincar, estudar e falar sobre esse mundo. Porque ela oferece os
mecanismos mais rigorosos de analise e crítica, elaborados pelos grandes
"gigantes da história" para construir conhecimento, para viver, para
se organizar. Por que ela incita, uma vez estudada, todo ser humano a trilhar o
caminho da observação, da não aceitação de preconceitos e prejuízos.
![]() |
Photo by Mel Moraes |
Com
isso, digo que, um homem que pensa, que reflete que analisa, decide melhor, age
melhor e constrói ao seu redor uma sociedade mais justa, onde, uns não se
julguem detentores de outros, ou senhores de outros. O mundo, esse espaço
natural que se mescla com aquilo que é sociedade, que é o mundo humano,
reconhece desde seu início o processo, onde, uns as custas de outros enriquece
e usufrui dos bens naturais do planeta, seja pela força física, ou por todo um
processo de desconstrução do humano, fazendo-o crer que ele pode ser subjugado
por seu semelhante. É pertinente que essa maneira de pensar seja fruto de uma
lógica isenta de reflexão e análise, todavia, dificilmente quem está no poder
irá refletir para modificar sua atitude quando esta o "beneficia", o
raciocinar é fruto, muito mais presente, daqueles que sentem os problemas, já
que pensar é tentar dar uma resposta aos problemas.
Sob
esse eco de influencias, no desdobramento da formação da mentalidade,
acrescento à utilidade e necessidade da filosofia a capacidade de dar condições
para viver em tempos de crise. Em diversas áreas constatamos afirmações catastróficas
sobre o futuro, observamos um vácuo que se abre cada vez mais quando o assunto
é explicar o que estamos vivendo, parece que o homem da era atual é um
transeunte do deserto, um transeunte sem passado e sem futuro. Diante de um
caos, a experiência tem mostrado que a melhor atitude é parar e refletir. O filosofar com
todo seu arcabouço teórico milenar é ferramenta indispensável para começar e enriquecer
temas contemporâneos preocupantes como democracia, globalização,
sustentabilidade, cidadania, consumo, diversidade, bioética, tecnologia, educação,
saúde, entre outros. Um fato curioso que sustenta a importância da filosofia em
assuntos contemporâneos está relacionado a algo que percebi assim que concluí a
graduação, pensando bem, mesmo antes me deparava com afirmações do gênero: “Você
que é filósofo, o que diz sobre a guerra no Oriente médio, o que diz sobre a
crise econômica, o que diz sobre o jet MH370, avião da Malaysia Airlines que sumiu no “Oceano
Índico”.” Essas situações, embora insuflassem meu ego, mais tarde foram
produto para reflexão. Pensar que quem
se ocupa com a Filosofia pode esclarecer uma situação que gera impasse,
preocupante e mesmo muitas vezes curiosa é reconhecer que nós, herdeiros de
todo um pensamento milenar, temos a fórmula para guiar a humanidade no deserto
contemporâneo, ao menos assim soa quando me deparo com perguntas que antes fazem
questão de colocar a observação: “você que é filósofo”, mesmo que a pessoa se
encontre na condição de estudante ou professor de Filosofia. Essa afirmação é ambígua
com outra: “você que é filósofo, vive no mundo da lua”, impossível não
perguntar, como alguém que vive no mundo da lua pode explicar acontecimentos do
plante Terra? Quem se ocupa da Filosofia é vítima desses múltiplos olhares, mas
essas várias situações, se analisadas a fundo nos ajuda a compreender bem
nossas aporias levantadas no início do texto: O que é a filosofia e para serve
ela?”
A
imagem mais comum que circula do filósofo é a de Sócrates. Aquele homem que
carregava em suas mãos duas pílulas, uma na esquerda e a outra na direita. Na
esquerda a pílula do diálogo, dialogo que se não levava a verdade, ao menos
esclarecia questões de relevância sobre a vida humana. Na direita a pílula do
diálogo também, só que a depender o estado de ânimo do seu interlocutor a pílula
provocava efeitos diferentes, alguns eram encantados por essa pílula do diálogo,
de tal forma que se tornaram mestres naquilo que a pílula proporcionava: O
filosofar. Outros odiavam, de tal forma que criavam monstros em torno da figura
de Sócrates e produziam imagens negativas sobre o que o mesmo fazia, imagens que
levou Sócrates ao ridículo (As Nuvens de Aristófanes) e a condenação. A situação de Sócrates
exemplifica bem o que pensamos ainda hoje e como nos comportamos diante de
questões que exigem o filosofar. Pois, como a pílula que Sócrates oferecia, a
Filosofia nos tira do nosso sonho e para muitos é melhor ficar dormindo,
quantos de nós não tem medo de acordar? Mas ao mesmo tempo, esse sonho se torna
pesadelo e é nessas horas que a pílula pode causar algum efeito. Mas nosso
engano, quando fazemos perguntas sobre a Filosofia, reside justamente em
esperar dela aquilo que como esperamos ela não pode oferecer, respostas, pois
antes de tudo a Filosofia é um ato de perguntar, de saber perguntar, de mergulhar
tão fundo na pergunta que ela nos dá pistas sobre as respostas, mas não sobre a
resposta, mas sobre as respostas. Quiçá a vida não seja uma pergunta, uma
eterna pergunta.
6 comentários:
parabéns pelo texto.
creio que filosofar é acreditar que sempre haverá uma nova resposta,filosofar é desconfiar da verdade.Desde a pré-história,nós humanos,estamos sempre utilizando a filosofia a nosso favor.Quando o homem criou a roda,a filosofia foi fundamental para que isso pudesse acontecer,pois acreditavamos em algo inexistente,algo que pudesse quebrar barreiras.A filosofia é a crença no impossível ou desacreditado,é o equívoco da verdade.
Olá Prof. Cleidson,
Conhecemos seu site e observamos que possui excelente conteúdo, o que é de grande valia para nossos leitores.
Iniciamos uma série de publicações que traz, matéria por matéria, dicas de como se preparar para o Enem. Essa semana foi a vez da Filosofia.
Dentre as dicas e orientações de estudo, fizemos indicação (através de links) de uma lista de sites e blogs que recomendamos aos leitores para busca de conteúdo e complemento em seus estudos para o Enem 2013.
E seu espaço faz parte desta lista! Veja
http://www.infoenem.com.br/como-estudar-filosofia-para-o-enem-2013/
Em contrapartida, se possível, pedimos que retorne o link direcionado para nossa página de edições anteriores do Enem para download (http://www.infoenem.com.br/provas-anteriores/), completando a parceria.
O que acha da proposta?
Aguardamos seu retorno e damos os parabéns pelo ótimo trabalho.
Gratos,
Fernando Buglia e Matheus Andrietta
Excelente texto. Contemporâneo e direto.
Apreciei o texto. conteúdo acessível e ao mesmo tempo não deixou de nos contemplar com algo de filosofia.
Postar um comentário