quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A cultura hip hop no Brasil com um olhar da geografia cultural

Introdução

Descobrimos que a geografia tem seu início lá na Grécia e que o nome vem da união de duas palavras gregas Geo (terra) e Graphos (escrita, descrição), cujo objeto é o espaço geográfico. Neste momento a geografia nasce como uma escrita sobre a terra e serve para localização, descrição de cidades, de caracteristicas climáticas, tamanho, solo de um local, isso tudo com fins bélicos, comerciais, para o plantio. E também para situar o homem no planeta e dizer o que é esse planeta onde o homem vive; reside ai a explicação da geografia ter também o nome de filosofia natural. Percebemos que conforme ocorriam as transformações sociais, políticas e economicas, a ciência geográfica ia cada vez mais se aprofundando e constituindo-se em sistemas ou escolas. Cada escola com sua caracteristicas. Observamos na aula a escola determinista, o possibilismo geográfico, a escola da geografia crítica e por último adentramos inicialmente na geografia cultural. Sendo esta a que estuda os produtos e normas culturais e suas variações através dos espaços e dos lugares. Ela foca sua atenção para descrever e análisar de que modo as formas de linguagem, crenças, artes, religião, economia, governo, trabalho e outros fenômenos culturais variam ou permanecem constantes, de um lugar para outro e na explicação de como os humanos funcionam no espaço. Ela tenta unir os elementos da geografia crítica, a análise das condições da existência humana com a análise do espaço geográfico.

Para nos ajudar a compreender melhor a geografia cultural e perceber como ela se preocupar em interpretar as relações do cotidiano das pessoas de várias maneiras, vamos ler o texto que fala da cultura do hip hop no Brasil.

 

A cultura hip hop no Brasil

por Maria Cláudia Oliveira

Surgido nos subúrbios de Nova York no fim dos anos 60, atualmente o hip hop é um dos movimentos culturais que mais cresce no Brasil. Cultura de rua que tem o poder de abrir novos horizontes para quem vive na periferia, o movimento engloba música (rap, de rhythm and poetry, ou ritmo e poesia), artes plásticas (grafite) e dança (break), unidos a mensagens de alto teor político que são transmitidas pelos MCs (master of ceremony, ou mestres de cerimônias), que falam ou declamam versos sobre uma base instrumental.

Apesar de ser originário dos Estados Unidos, o hip hop no Brasil é extremamente forte e reflete o que pensa e o que sente uma parte significativa da juventude brasileira. Portanto, é necessário deixar o desconhecimento e o preconceito de lado e enxergar o hip hop como uma cultura que já se tornou o maior movimento musical desde o surgimento do rock nos anos 50, saindo da periferia para ganhar adeptos em todas as classes sociais.

Os hip hoppers orgulham-se de trabalhar a auto-estima dos excluídos, recusar os estereótipos que associam periferia e criminalidade, desconstruir preconceitos e afirmar a negritude, numa verdadeira constituição da identidade negra por meio da música. As roupas são largas, para facilitar os movimentos da dança, com estampas de números e letras. Gorros coloridos e cabelos que exaltam as raízes negras dão identidade ao visual e são usados para transmitir idéias. E se, no início dos anos 70, a motivação do rap e do break era defender, na rua, o espaço para a emancipação da cultura hip hop, hoje as manifestações ligadas a esse universo vão muito além das "batalhas" (poesias criadas ao som do rap) ou dos scratches (arte de manipular o vinil) entre os "manos".

O MC Dom Negrone, um dos nomes mais respeitados no movimento, afirma que utiliza a música como forma de manifestar sua preocupação com a questão social:

- A música é um instrumento de transformação da sociedade. Minha inspiração é o amor, só quero somar coisas boas para as vidas das pessoas. Abrir o coração para o amor e fechar a mente para a ignorância, essa é a postura do hip hopper - defende.

Mas que não se confunda hip hop com funk. Os hip hoppers consideram os funkeiros alienados, criticam suas músicas despreocupadas, suas letras leves e sua postura descompromissada. Eles preferem letras quilométricas, ásperas, diretas, sem meios-tons ou concessões, sem metáforas ou duplos sentidos. O que interessa é o engajamento político e a contundência do discurso. É importante passar uma mensagem. Nada de "um tapinha não dói" ou "me chama de cachorra". Eles falam mesmo é de "alcoolismo, vingança, treta, malandragem/mãe angustiada, filho problemático/famílias destruídas, fins de semana trágicos", como cantam os Racionais MC, um dos grupos de maior destaque no movimento.

Já os grafiteiros, que se recusam a ser chamados de "pichadores", usam o spray como forma de limpar a sujeira visual das ruas e expressar suas idéias pela cidade. E o break é um protesto contra a violência. Sua origem está na guerra do Vietnã. Os primeiros breakers, ou b-boys, surgiram nas ruas do Bronx , em Nova York, no fim da década de 60, e protestavam contra a guerra do Vietnã por meio de passos de dança que simulavam os movimentos dos feridos. Cada movimento do break possui como base o reflexo do corpo debilitado dos soldados americanos, ou lembra um objeto utilizado no confronto com os vietnamitas, como o giro de cabeça, movimento em que o dançarino fica com a cabeça no chão, mantém as pernas para cima e gira o corpo, como uma hélice de helicóptero.

O b-boy Luck, da Gang de Break Consciente da Rocinha, explica que o movimento obriga seus integrantes a lerem bastante, para poderem criar seus versos, e a manterem o corpo saudável, daí a necessidade de manter distância das drogas.

O fato é que foi graças ao hip hop que os jovens da periferia deixaram de ser apenas uma estatística para ganhar voz . Há quem veja os hip hoppers como uma espécie de documentaristas dos excluídos, cronistas do subúrbio, porta-vozes da periferia, mas o movimento não se resume a isso. "O hip hop é um grito inteligente de resistência à opressão e à marginalidade", ensinam as autoras do livro "Hip hop - a periferia grita" (Editora Fundação Perseu Abramo), Janaína Rocha, Mirella Domenech e Patrícia Casseano. "É a resposta política e cultural da juventude excluída", escreve a jornalista Bia Abramo na orelha do livro.
Vocabulário do hip hop:

Hip hop: significa movimentar os quadris (to hip) e saltar (to hop). Esse termo foi criado por um DJ Africa Bambaataa em 1968. O movimento engloba tanto a música (rap), as artes plásticas com o (grafite) e a dança com o (Break).
Rap. Abreviatura de rythm and poetry (ritmo e poesia). É um estílo onde um dj e um ou mais MCs se apresentam cantando, sobre uma base instrumental, a letra falada ou declamada.
Mc: abreviatura de master of ceremony (mestre de cerimônia), sendo estes os rappers que cantam e animam os bailes.

Tarefa:

Faça uma leitura do texto relacionando-o com os seguintes aspectos da cultura crítica:
1 - As questões sociais que devem ser debatidas pela sociedade?
2 - De que modo o hip hop modifica o espaço geográfico por meio da arte?
3 - Quais outros movimentos no seu bairro que, por meio da arte, produz a inclusão dos indivíduos excluidos na sociedade?

Processo:

Leia o texto sobre a cultura hip hop, se recorde da aula e dos elementos mais citados e discutidos na mesma, leia o texto sobre a ciência geográfica nas páginas 2 e 3 do módulo de geografiaela e por último faça uma reflexão em cima de todas as questões levantadas acima e que serão discutidas na próxima aula.  
 
Avaliação:

Com base nas discussões do próximo debate, com base na participação na aula.

1 comentários:

João Paulo disse...

Que bom que estamos percebendo a impotância do Moviemnto Hip Hop,na/para sociedade contemporânea. A geografia cultural, assim como as ciências sociais fazem o papel de catalizador entre as "massas populacionais" através da arte e a "elite branca" consumidora massivamente desses produtos perifericos.

Entender tal movimento em seu carater juvenil e identitário, faz com que novas formas de politicas, não padronizadas, ganhem forças e importância.

em fim, a arte tranforma de forma significativa a condulta do individuo!

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