domingo, 27 de fevereiro de 2011

Regras de prudência para o bom filósofo


"Saber usar os instrumentos da filosofia e conhecer aquilo sobre o que se filosofa: são pequenas regras da astúcia, sugerida pelo bom senso, elementar se queremos ver assim, talvez de difícil execução, mas imprescindível para aqueles que querem filosofar bem"

A filosofia é um campo de análise, um tipo de análise que se mostra radical, amplamente profunda e por isso, algo trabalhoso. Disto, resulta a necessidade de se conhecer cada vez mais seus instrumentos, os instrumentos do filosofar, seu uso esotérico e exotérico. Aqui no Brasil temos poucos trabalhos que foca sua atenção na pesquisa sobre o filosofar, sobre a filosofia em si enquanto atividade, sobre sua limitação e campo e de que modo ela se relaciona com as demais áreas. Entretanto, existe na Europa, sobretudo Itália, Espanha, Portugal, uma preocupação em dar a filosofia um caráter prático e isso os leva cada vez mais a buscar evidenciar a importância e necessidade da filosofia, apontando o uso da filosofia nas diversas áreas do conhecimento e no cotidiano desses profissionais, buscando também ressaltar de que modo a filosofia pode contribuir para que, por exemplo, a atividade do médico possa ser mais eficiente, a atividade do advogado, do cientista. Eu compartilho com essa causa e advogo ao favor de que introduzamos um pouco desse pensamento do Brasil. Quão rico seria, além de fazermos interpretações, ou história da filosofia, adequar a filosofia a nossa realidade, ao nosso Brasil. Isto é fazer uma filosofia também para o Brasil, para suas peculiaridades, para refletir os aspectos desse pais e seus problemas. Com isso, para nos incitar, segue o primeiro texto que trata dessa questão. É um trabalho publicado no Blog Italiano FILOSOFIAblog, de autoria de alguns estudantes da Universidade de Pádova. Um blog rico com diversos textos filosóficos que trata de questões novas e de grande interesse para quem almeja ter uma boa prática filosófica.


Regole di prudenza per il buon filosofo

Dall’affermazione sulla molteplicità di filosofie segue un primo corollario sull’identità del filosofo. In generale, chiunque ragionasse sui fondamenti di una disciplina o di un’attività starebbe filosofando, e dunque sarebbe filosofo. Un economista che ragionasse sui fondamenti dell’economia non starebbe facendo economia, ma filosofia dell’economia, e dunque sarebbe filosofo; allo stesso modo, un medico starebbe facendo filosofia della medicina, e perciò sarebbe filosofo. Anche uno scienziato, qualora ragionasse sui concetti fondamentali della sua disciplina (cosa che – la storia della scienza lo insegna – accade in momenti speciali), cesserebbe di fare lo scienziato e diventerebbe filosofo, in particolare filosofo della scienza.

Forse il corollario appare scontato, ma delinea una caratteristica sorprendente della filosofia: chiunque può filosofare, a prescindere dal particolare campo di cui solitamente si occupa e dagli oggetti pertinenti a quel campo. Perciò possono fare filosofia il critico d’arte con un saggio sull’estetica o l’avvocato durante un’arringa, il giornalista sull’editoriale del quotidiano o il drammaturgo nel copione di un’opera teatrale.

Tuttavia, nessuno può filosofare senza apprendere gli strumenti necessari della filosofia. Come il chirurgo e l’idraulico, il falegname e il dentista possiedono, e sanno usare, adeguati strumenti per lavorare, ognuno con una funzione specifica; così il filosofo deve possedere e saper usare la sua “cassetta degli attrezzi”. I quali però non s’impugnano né si maneggiano (almeno in senso letterale) perché sono attrezzi logici: le diverse forme argomentative usate per giustificare le proprie asserzioni, per criticare le altre, per esaminare e chiarire nozioni e concetti.

Potrebbe sembrare allora che il filosofo sia una specie di “tuttologo”, che si muove con disinvoltura tra varie discipline, dalla meccanica quantistica alla teologia, dalla gastronomia all’intelligenza artificiale, permettendosi il lusso di discutere qualsiasi argomento. Bisogna però chiarire almeno due aspetti per fugare questo fraintendimento, che non farebbe onore ai filosofi.

In primo luogo, la filosofia non è un lieve svolazzo del pensiero su questo o su quello; ma è l’esplicitazione di dubbi dove effettivamente servono e la loro risoluzione con risposte argomentate. Ciascuno di noi può mettere in questione (quasi) tutto, ma ribadiamo che la sola questione non basta per filosofare. In secondo luogo, è sempre buona norma conoscere ciò di cui si parla. Pertanto, quando un filosofo riflette su una disciplina, è importante che conosca bene, meglio se molto bene, i principi e gli scopi, i metodi e i modi di operare, nonché i risultati e i problemi di quella disciplina; altrimenti le sue conclusioni rischiano di essere irrilevanti, scorrette o, peggio, fuorvianti.

Saper usare gli strumenti della filosofia e conoscere ciò su cui si filosofa: sono piccole regole d’accortezza suggerite dal buon senso; elementari se vogliamo, forse di difficile attuazione, ma imprescindibili per chi voglia filosofare bene.

Fonte: http://www.filosofiablog.it/filosofia/regole/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Atividade Geografia 1º. ano E.M

Bairro: Morumbi
Chamada de Favela Paraisópolis

1 - Responda as questões 1 e 2 da página 6 do seu módulo de geografia, buscando fundamentar sua resposta, mostrando porque essa questão é verdadeira e porque as demais são falsas, isto é, apontando o fator que falsifica as demais questões.
2- Leia o texto "Espaço geográfico" página 4 a 5 do módulo de geografia. Em seguida elabore 2 perguntas sobre o que leu. Essas perguntas serão discutidas em sala de aula na próxima aula.

As contradições da vida. Alguém pode explicar?

Existem algumas contradições na vida que nos deixa com a pulga atras da orelha mesmo. Incrível isso. São tantas que nos perguntamos porque as coisas são assim. Um morcego é quase um rato com asas. A baleia é aquática e um mamífero. Olhando a lua parece que realmente estamos vendo São Jorge esmagando o dragão. São tantas contradições, não é verdade? Mas e aquelas contradições que eu fico a pensar, pensar e pensar e são tão hilárias que poderiam virar uma comédia. Vejam vocês que um ladrão de galinha, um jovem fumando maconha, ou mesmo um sujeito que praticou um assalto a mão armada são presos imediatamente, enquanto que aquele sujeito de terno e gravata sonega impostos, desvia dinheiro público, explora a mão de obra operária, mas nenhum policiamento vai até ele para dizer: "mãos na cabeça" em seguida algema-lo. Invadem aqueles bairros cujo poder público nada ou pouco investe para sua melhoria, invadem armados como se fossem para uma guerra, procurando pelo chefe da quadrilha. Mas não invadem o apart do deputado que desviou milhões que era para educação´; do secretário que deixou de investiro dinheiro em saúde, ou o outro secretário que não investiu em infraestrutura urbana. A juiza dirige bebada, bate em cinco carros e não deve nada a ninguém, nem a explicação de que estava testando o airbag do carro. Por que ela pode e eu não? Filhos de médico, juiz e advogado de classe alta queima indio vivo e estão em liberdade. Qual será o destino do filho do "peão" que for assaltar o filho do médico, do juiz, advogado, ou coisas do nível? Por que tantas contradições? Alguém pode explicar?

Atividade de Geografia 1º. ano Ensino Médio (novo)

Bairro: Morumbi
Chamada de Favela Paraisópolis

1 - Responda as questões 1 e 2 da página 6 do seu módulo de geografia, buscando fundamentar sua resposta, mostrando porque essa questão é verdadeira e porque as demais são falsas, isto é, apontando o fator que falsifica as demais questões.
2- Leia o texto "Espaço geográfico" página 4 a 5 do módulo de geografia. Em seguida elabore 2 perguntas sobre o que leu. Essas perguntas serão discutidas em sala de aula na próxima aula.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A cultura hip hop no Brasil com um olhar da geografia cultural

Introdução

Descobrimos que a geografia tem seu início lá na Grécia e que o nome vem da união de duas palavras gregas Geo (terra) e Graphos (escrita, descrição), cujo objeto é o espaço geográfico. Neste momento a geografia nasce como uma escrita sobre a terra e serve para localização, descrição de cidades, de caracteristicas climáticas, tamanho, solo de um local, isso tudo com fins bélicos, comerciais, para o plantio. E também para situar o homem no planeta e dizer o que é esse planeta onde o homem vive; reside ai a explicação da geografia ter também o nome de filosofia natural. Percebemos que conforme ocorriam as transformações sociais, políticas e economicas, a ciência geográfica ia cada vez mais se aprofundando e constituindo-se em sistemas ou escolas. Cada escola com sua caracteristicas. Observamos na aula a escola determinista, o possibilismo geográfico, a escola da geografia crítica e por último adentramos inicialmente na geografia cultural. Sendo esta a que estuda os produtos e normas culturais e suas variações através dos espaços e dos lugares. Ela foca sua atenção para descrever e análisar de que modo as formas de linguagem, crenças, artes, religião, economia, governo, trabalho e outros fenômenos culturais variam ou permanecem constantes, de um lugar para outro e na explicação de como os humanos funcionam no espaço. Ela tenta unir os elementos da geografia crítica, a análise das condições da existência humana com a análise do espaço geográfico.

Para nos ajudar a compreender melhor a geografia cultural e perceber como ela se preocupar em interpretar as relações do cotidiano das pessoas de várias maneiras, vamos ler o texto que fala da cultura do hip hop no Brasil.

 

A cultura hip hop no Brasil

por Maria Cláudia Oliveira

Surgido nos subúrbios de Nova York no fim dos anos 60, atualmente o hip hop é um dos movimentos culturais que mais cresce no Brasil. Cultura de rua que tem o poder de abrir novos horizontes para quem vive na periferia, o movimento engloba música (rap, de rhythm and poetry, ou ritmo e poesia), artes plásticas (grafite) e dança (break), unidos a mensagens de alto teor político que são transmitidas pelos MCs (master of ceremony, ou mestres de cerimônias), que falam ou declamam versos sobre uma base instrumental.

Apesar de ser originário dos Estados Unidos, o hip hop no Brasil é extremamente forte e reflete o que pensa e o que sente uma parte significativa da juventude brasileira. Portanto, é necessário deixar o desconhecimento e o preconceito de lado e enxergar o hip hop como uma cultura que já se tornou o maior movimento musical desde o surgimento do rock nos anos 50, saindo da periferia para ganhar adeptos em todas as classes sociais.

Os hip hoppers orgulham-se de trabalhar a auto-estima dos excluídos, recusar os estereótipos que associam periferia e criminalidade, desconstruir preconceitos e afirmar a negritude, numa verdadeira constituição da identidade negra por meio da música. As roupas são largas, para facilitar os movimentos da dança, com estampas de números e letras. Gorros coloridos e cabelos que exaltam as raízes negras dão identidade ao visual e são usados para transmitir idéias. E se, no início dos anos 70, a motivação do rap e do break era defender, na rua, o espaço para a emancipação da cultura hip hop, hoje as manifestações ligadas a esse universo vão muito além das "batalhas" (poesias criadas ao som do rap) ou dos scratches (arte de manipular o vinil) entre os "manos".

O MC Dom Negrone, um dos nomes mais respeitados no movimento, afirma que utiliza a música como forma de manifestar sua preocupação com a questão social:

- A música é um instrumento de transformação da sociedade. Minha inspiração é o amor, só quero somar coisas boas para as vidas das pessoas. Abrir o coração para o amor e fechar a mente para a ignorância, essa é a postura do hip hopper - defende.

Mas que não se confunda hip hop com funk. Os hip hoppers consideram os funkeiros alienados, criticam suas músicas despreocupadas, suas letras leves e sua postura descompromissada. Eles preferem letras quilométricas, ásperas, diretas, sem meios-tons ou concessões, sem metáforas ou duplos sentidos. O que interessa é o engajamento político e a contundência do discurso. É importante passar uma mensagem. Nada de "um tapinha não dói" ou "me chama de cachorra". Eles falam mesmo é de "alcoolismo, vingança, treta, malandragem/mãe angustiada, filho problemático/famílias destruídas, fins de semana trágicos", como cantam os Racionais MC, um dos grupos de maior destaque no movimento.

Já os grafiteiros, que se recusam a ser chamados de "pichadores", usam o spray como forma de limpar a sujeira visual das ruas e expressar suas idéias pela cidade. E o break é um protesto contra a violência. Sua origem está na guerra do Vietnã. Os primeiros breakers, ou b-boys, surgiram nas ruas do Bronx , em Nova York, no fim da década de 60, e protestavam contra a guerra do Vietnã por meio de passos de dança que simulavam os movimentos dos feridos. Cada movimento do break possui como base o reflexo do corpo debilitado dos soldados americanos, ou lembra um objeto utilizado no confronto com os vietnamitas, como o giro de cabeça, movimento em que o dançarino fica com a cabeça no chão, mantém as pernas para cima e gira o corpo, como uma hélice de helicóptero.

O b-boy Luck, da Gang de Break Consciente da Rocinha, explica que o movimento obriga seus integrantes a lerem bastante, para poderem criar seus versos, e a manterem o corpo saudável, daí a necessidade de manter distância das drogas.

O fato é que foi graças ao hip hop que os jovens da periferia deixaram de ser apenas uma estatística para ganhar voz . Há quem veja os hip hoppers como uma espécie de documentaristas dos excluídos, cronistas do subúrbio, porta-vozes da periferia, mas o movimento não se resume a isso. "O hip hop é um grito inteligente de resistência à opressão e à marginalidade", ensinam as autoras do livro "Hip hop - a periferia grita" (Editora Fundação Perseu Abramo), Janaína Rocha, Mirella Domenech e Patrícia Casseano. "É a resposta política e cultural da juventude excluída", escreve a jornalista Bia Abramo na orelha do livro.
Vocabulário do hip hop:

Hip hop: significa movimentar os quadris (to hip) e saltar (to hop). Esse termo foi criado por um DJ Africa Bambaataa em 1968. O movimento engloba tanto a música (rap), as artes plásticas com o (grafite) e a dança com o (Break).
Rap. Abreviatura de rythm and poetry (ritmo e poesia). É um estílo onde um dj e um ou mais MCs se apresentam cantando, sobre uma base instrumental, a letra falada ou declamada.
Mc: abreviatura de master of ceremony (mestre de cerimônia), sendo estes os rappers que cantam e animam os bailes.

Tarefa:

Faça uma leitura do texto relacionando-o com os seguintes aspectos da cultura crítica:
1 - As questões sociais que devem ser debatidas pela sociedade?
2 - De que modo o hip hop modifica o espaço geográfico por meio da arte?
3 - Quais outros movimentos no seu bairro que, por meio da arte, produz a inclusão dos indivíduos excluidos na sociedade?

Processo:

Leia o texto sobre a cultura hip hop, se recorde da aula e dos elementos mais citados e discutidos na mesma, leia o texto sobre a ciência geográfica nas páginas 2 e 3 do módulo de geografiaela e por último faça uma reflexão em cima de todas as questões levantadas acima e que serão discutidas na próxima aula.  
 
Avaliação:

Com base nas discussões do próximo debate, com base na participação na aula.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Filosofinhos

Venho procurando algo para falar de filosofia para as crianças de modo interativo, divertido e em uma linguagem acessível, fuçando na internet encontrei essa reportagem da Estação Cultura, onde eles fazem uma reportagem falando sobre a série filosofinhos. Um trabalho feito por uma professora universitária do Rio Grande do Sul, em que ela coloca em desenhos a vida dos filósofos e os problemas filosóficos comuns na idade infantil. Um trabalho digno de ser apreciado e apresentado as crianças.   É muito enriquecedor, em um final de tarde, na varanda ou no jardim da casa, fazer a leitura da história de Sócrates, Descartes, Platão, ou Freud. 

A Coleção Filosofinhos, coordenada pela filósofa Maria de Nazareth Agra Hassen convida o leitor a conhecer um pouco da filosofia acompanhando historinhas cujos personagens são grandes filósofos quando ainda eram pequenos... Nessas histórias, os pensadores são crianças, mas já apresentam algumas de suas idéias revolucionárias. 
Todas as crianças são naturalmente curiosas, característica fundamental para buscar o saber, e a filosofia introduzida de forma lúdica favorece a exploração do mundo do conhecimento. 
Essa coleção também ajuda os adultos a pensarem o mundo e a compreenderem as crianças, mas principalmente mostra como é bom ser curioso e perguntador.
Para os adultos (pais, cuidadores e professores) cada volume inclui uma pequena biografia do pensador retratado, além de sugestão de outras leituras para aprofundar o conhecimento. 
As histórias são bilíngües português/francês, pois a coleção tem como propósito alargar as fronteiras da criança, mostrando-lhe que a mesma história pode ser lida em outra língua. 
Também visando estimular o pensamento crítico e uma relação ser humano/natureza mais sadia, a Coleção Filosofinhos/Les Petits Philosophes é impressa em papel reciclado.

O Potter


O Potter é um trabalho produzido no início de 2005 por um grupo de alunos de arte e design do Colégio Savannah da Geórgia, tendo o mesmo direção de JOSH BURTO. 


Curta Lightheaded

Esse é um curta chamado “Lightheaded” que foi criado por Mike Dacko e já ganhou vários prêmios, entre eles o prémio de “Melhor Curta de Animação” pelo Miami Short Film Festival de 2009″ .
” Lightheaded é um caminho que tomamos com criaturas sensíveis à temperatura da vela que sacrificam o que sabem para tornar-se quem eles são.”
“Este é o meu primeiro filme independente. Meu avanços em 3D permitiu-me realizar plenamente um conceito que eu nunca deixei de acreditar. Eu consegui criar todos os efeitos visuais usando um laptop Dell.
Um agradecimento especial para Mac Smith, da Skywalker Sound para seu projeto de som e Thievery Corporation para a trilha sonora.” Disse Mike Dacko.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Por que o mundo precisa de filosofia?(Parte 5)



O trabalho que me coloquei a realizar é hercúleo, reconheço que ele é inicial, na verdade elementar e lancei o mesmo, muito mais como uma provocação, a fim de que se reflita sobre a filosofia e sua necessidade para o hoje que vivemos. Daí ser essa reflexão, ainda carente de um trabalho mais pormenorizado, um ponta pé inicial. Cabe a outros estudantes de filosofia pensar e escrever acerca desta questão, deste tema, que é, ao meu ver, de crucial importância, tendo, inclusive suas razões embutidas nas partes anteriores.
Se começássemos essa discussão em uma escrita filosófica estrita, ou seguindo uma argumentação, somente no campo de estudo, certamente para dizer que o mundo precisa de filosofia, ou não, deveria começar pela definição do que é mundo. Realmente seria esse um trabalho interessante e até profundo, só que almejo que esses escritos alcancem um número maior de pessoas, cujo contato com a filosofia seja inicial e não tanto acadêmico e nisto reside a forma de linguagem e argumentação mais exotérica, mais convidativa. Importa  refletir sobre a necessidade da filosofia, sobre o ato de filosofar. Assim, a fim de seguir um encadeamento lógico mais pormenorizado nesta última parte decidi responder ao "por que" em tópicos, apontando e trabalhando em cada um. Deixando aberto para que muitos outros tópicos possam ser apresentados.

A primeira justificativa que apresento para a necessidade da filosofia no mundo está afeita a formação da mentalidade. Mas o que quero dizer com mentalidade, por que forma-la e o que consiste isso? E vou além, em que a filosofia é detentora dessas prerrogativas de formadora da mentalidade? E que mentalidade ela forma? Sabemos que o homem é racional, mas um racional que no contemporâneo ultrapassa o campo da razão que conhecemos e abraça uma inteligência que é múltipla. Um racional que carrega junto a lógica, a efetividade, a criatividade e outras inteligências. Daí concebermos a mentalidade hoje como algo mais complexo, mais abrangente. Com isso, respondemos, e essa é uma resposta particular, que certamente reconstitui o conceito de mente, que a mente é um complexo humano, um campo múltiplo de faculdades que para dar conta das demandas do mundo atual precisa se desenvolver e funcionar em conjunto. Assim a filosofia tem uma um papel peculiar, que é possibilitar ao homem um saber pensar, refletir, analisar discutir problemas, levantar questões, formar um espírito crítico. Isto porque ela, a filosofia, já com sua história convida o homem a perceber o mundo como um campo de investigação e o homem como o ser dotado da capacidade para se encantar, brincar, estudar e falar sobre esse mundo. Porque ela oferece os mecanismos mais rigorosos de analise e crítica, elaborados pelos grandes "gigantes da história" para construir conhecimento, para viver, para se organizar. Por que ela incita, uma vez estudada, todo ser humano a trilhar o caminho da observação, da não aceitação de preconceitos e prejuízos.
Com isso, digo que, um homem que pensa, que reflete que analisa, decide melhor, age melhor e constrói ao seu redor uma sociedade mais justa, onde, uns não se julguem detentores de outros,ou senhores de outros. O mundo, esse espaço natural que se mescla com aquilo que é sociedade, que é o mundo humano, reconhece desde seu início o processo, onde, uns as custas de outros enriquece e usufrui dos bens naturais do planeta, seja pela força física, ou por todo um processo de desconstrução do humano, fazendo-o crêr que ele pode ser subjugado por seu semelhante. É pertinente que essa maneira de pensar seja fruto de uma lógica isenta de reflexão e análise, todavia, dificilmente quem está no poder irá refletir para modificar sua atitude quando esta o "beneficia", o raciocinar é fruto, muito mais presente, daqueles que sentem os problemas, já que pensar é tentar dar uma resposta aos problemas.

Clique aqui para ver a parte 4

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sites e Blogs sobre o ensino de filosofia

A filosofia no ensino secundário - Blog português com conteúdos de divulgação da filosofia e do seu ensino. O blog pretende constituir uma pequena introdução à filosofia e aos seus problemas, divulgando livros e iniciativas relacionadas com a filosofia e recorrendo a uma linguagem pouco técnica, simples e despretensiosa mas rigorosa


A filosofia no ensino secundário - Idem.


Crítica na rede - Um dos melhores blogs em filosofia, contendo um material rico, em diversas áreas da filosofia, com textos bem elaborados nas mais diversas áreas filosóficas e áreas afins, fazendo sempre uma intercalação com a filosofia. 


Paginas de filosofia - Blog português que fora criado para trabalhar com textos em uma linguagem disponível para os alunos e para a compreensão dos temas filosóficos. Um site rico em vídeos, programas de filosofia, entrevistas etc.


A arte de pensar - site contendo material sobre filosofia e trabalhos elaborados pelos alunos de filosofia do ensino médio de Portugal.Publicar postagem


Canivete Suiço - Blog em inglês que trata do ensino de filosofia, neste é possível encontrar planos de ensino, dicas para elaborar um programa etc. 

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sobre a leitura e sua importância


Segue um texto muito significativo do Professor português  de filosofia Rolando Almeida, neste texto ele trata da questão da leitura e da razão real de não lermos. 


Tempo para ler

Rolando Almeida
Escola Secundária Gonçalves Zarco, Funchal
Neste pequeno artigo quero discutir o tempo que reservamos para a leitura. Para tal pretendo discutir a premissa de que a vida é exigente e, por tal, não há tempo para ler. O argumento poderia ser formalizado do seguinte modo:
Se a vida é exigente, não há tempo para ler.
A vida é exigente.
Logo, não há tempo para ler.
O que penso é que este argumento é apoiado em premissas altamente discutíveis. Primeiro temos de discutir o que é uma vida exigente e, decorrente daí, se essa vida não nos possibilita tempo para ler.
Parece-me plausível aceitar que a vida possui as suas exigências, do mesmo modo que me parece plausível aceitar que todas as vidas em qualquer época e local parecem exigentes. A vida humana é exigente em múltiplos sentidos. Com efeito quero aqui deter-me, em particular, na premissa de que, perante a exigência da vida, inferimos que não conseguimos despender tempo para a leitura. De todo o modo poderia aqui avançar que, face às exigências da vida o melhor remédio é estarmos bem informados sobre a mesma e uma das formas mais sofisticadas de obtermos informação é pelos livros. Seria tão mais difícil o exercício da leitura se não tivéssemos livros a preços acessíveis. E também poderia questionar se a vida de Sócrates, por exemplo, não seria exigente. Poder-se-ia responder que Sócrates pouco leu e terei de aceitar. Mas posso exemplificar com aquele que considero o Sócrates moderno na ciência, Carl Sagan. Sagan escreveu dezenas de livros e centenas de artigos, foi pai, casado, astrónomo, fez programas de TV de divulgação científica, investigador durante toda a vida, viajou pelo mundo inteiro e, nos seus livros, cita centenas de livros que leu ou consultou revelando sempre um apreço invulgar pelos livros como transmissão de conhecimento. Ora bem, poderíamos questionar como tinha o cientista tempo para ler, educar os filhos, e todas as demais tarefas em que sempre se empenhou. Poderia citar outros exemplos de gente com vidas semelhantes.
O que está em causa, creio, não é o tempo para ler, mas precisamente os hábitos que Sagan, como muitos outros, tinha de leitura. Somos perfeitamente capazes, na nossa cultura, apesar das exigências e solicitações da vida moderna de ter tempo para ir à praia, ao cinema, ver uma partida importante de futebol, ficar acordados até mais tarde para ver o programa da entrega dos Óscares do cinema ou uma prova de fórmula 1. Do mesmo modo poderíamos produzir esse efeito para a leitura. Por que não o fazemos, então? Simplesmente porque não temos esse hábito formado e não reconhecemos grandes vantagens em fazê-lo. Porque o nosso contacto com a leitura é quase inexistente. Não nos leram livros quando éramos crianças. Quando, mais tarde, no ensino secundário, fomos obrigados a ler Os Maias de Eça de Queiroz, acabamos por rematar com um rotundo: "não gosto de ler".
Mas isto só acontece porque não temos o hábito da leitura. Provavelmente o professor que nos ensinou Os Maias também não tem hábitos de leitura e apenas conhece a obra do escritor português numa relação estritamente formal que o ensino universitário português lhe impôs. Dessa forma, é mais complicado para o professor ver na obra mais do que um conjunto de palavras gramaticalmente bem articulas, mas ocas de sentido. Deparámo-nos com um círculo vicioso que é difícil quebrar mas que é muito perigoso para a formação dos nossos jovens. Curiosamente, o nosso cérebro gosta de estar estimulado, do mesmo modo que as nossas papilas gustativas apreciam o doce e o nosso corpo exercício físico. Se não fizermos exercício físico o corpo tende a perder vigor mais depressa, tal como se não exercitarmos o cérebro com leitura, esse tende a dormitar e a acomodar-se.
Coloca-se aqui outra questão: nesse caso, ler, independentemente do que se lê, é bom? Num certo sentido, aquele que aqui aponto, o da leitura como estímulo, a resposta é que não, nem tudo o que lemos é igualmente proveitoso. Do mesmo modo, gostamos de comer, mas nem tudo o que comemos é proveitoso para o organismo, ou gostamos de chocolate, mas não de todo o chocolate. Na leitura acontece a mesma coisa. Há leituras que são mais estimulantes e outra menos. E preferimos as mais estimulantes. Por exemplo, um adolescente aprecia uma boa introdução à filosofia, como a de Thomas Nagel, Que Quer Dizer Tudo Isto?, mas dificilmente apreciaria a Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant. O livro de Nagel vai directo às suas preocupações introduzindo o neófito mas questões centrais ajudando-o a pensar, mas a obra de Kant exige outro nível de sofisticação. Seria o mesmo que pedir a um indivíduo que só corre uma vez por semana para, de repente, ir aos olímpicos correr com os profissionais da corrida. A leitura do pequeno mas estimulante livro de Nagel é o primeiro passo para a futura leitura da obra de Kant. E sem este primeiro passo, torna-se muito difícil que o jovem chegue sequer a ler algum dia Kant.
A leitura não tem adversários, ao contrário do que muita gente parece acreditar. Não é por termos televisão que lemos menos. Antigamente não existia televisão, mas não podemos afirmar que as pessoas liam mais do que hoje. A televisão, noutro ponto de vista, até pode estimular a leitura com programas de divulgação de livros. Provavelmente se uma criança visse os seus heróis favoritos do futebol a falar do último livro que leu, seria estimulado a comprar o livro e ler. E, de outro modo, podemos imaginar um mundo perfeitamente possível onde isto acontecesse, onde fizesse parte da cultura o hábito de ler, comprar livros e discutir as histórias ou teorias que os livros nos contam. Apontar a televisão como a culpada da falta de hábitos de leitura seria quase como apontar as culpas dum assassinato à arma usada. Posso usar a faca para matar ou para cortar maçãs. É óbvio que se passarmos muito tempo a ver programas de televisão, temos menos tempo para ler, mas o que está em causa não é a existência da televisão, mas a relação que com ela mantemos.
A primeira premissa do argumento exposto no início deste texto é, assim, muito discutível; parece-me, até, falsa. Não lemos mais porque não temos o hábito dos livros e não porque a vida seja exigente, apesar da exigência da vida ser a premissa mais recorrente quando se quer explicar por que não se lê. Muitas vezes me dizem: "quando tiveres filhos vais ver se tens tempo para ler!". Mas poderia facilmente objectar-se dando exemplos de pessoas que têm filhos, educam-nos e têm tempo para ler. Mais, lêem aos próprios filhos e estes, quando crescem, regra geral, não dizem que não têm tempo para ler, porque foram habituados a ler, têm hábitos de leitura.
Mas não queria terminar o meu artigo sem referir uma razão ainda mais profunda para a necessidade da leitura. Os livros são dos melhores veículos do conhecimento e da cultura. O conhecimento passa inevitavelmente pelos livros e pelos bons hábitos de leitura de um povo. A vida é exigente e essa é a principal razão pela qual devemos ler e não o contrário.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vocês já ouviram falar na Escola Livre?



Brevemente estarei falando sobre a "Escola Livre" e o que tenho aprendido em torno do estudo que estou fazendo sobre essa educação, sobretudo, com relação a última experiência que tive, quando me fora concedida a oportunidade de visitar uma Escola Livre no Sul do Estado, a única funcionando na Bahia.
De antemão, deixo-vos com algumas provocações: É possível uma educação onde a criança decida o que ela vai estudar, ou até mesmo não estudar e fazer outra atividade? É possível uma educação que esteja nos moldes daquilo que falou Rousseau lá no livro O Emílio? E ai, o que pensam a respeito?