quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Por que o mundo precisa de filosofia? (Parte 4)


Retomo mais uma vez o árduo trabalho que a realidade, com suas nuances, prática, consumista, imediatista, utilitarista me impulssionou  a adentrar. Tendo como chave a seguinte pergunta: Por que o mundo precisa de filosofia? Nas partes (1,2,3)  tratei de relatar e discutir os caminhos que me levaram a esse problema de definir a necessidade, ou, as necessidades da filosofia, também fiz um pequeno roteiro histórico, mostrando os tempos em que esta, a filosofia, reinava e ditava os rumos das demais ciências. E finalizei a parte 3 com a pergunta por que a filosofia foi relegada a situação de um saber sem utilidade?
Não vou descrever a sociedade na qual vivemos, tão pouco adentrar no pensamento de filósofos, sociológicos ou educadores que tomam a defesa da filosofia apontando teses e contra teses, simplesmente tratarei de mostrar  
alguns pontos essenciais que  intencionalmente e circunstancialmente colocaram o ensino e a prática da reflexão filosófica a margem.
Primeiro insisto em afirmar que embora esse seja um fenômeno mundial, ou seja, os descréditos com a filosofia e as ciências que refletem sobre o comportamento, a sociedade, é também uma realidade que o dito descrédito, afeta muito mais os países onde o número de analfabetos é maior. Pois, ainda que queiram afirmar que o ensino da filosofia sede lugar para o da tecnologia nos países desenvolvidos, não poderá, os sofistas modernos, sustentar esse discurso por muito tempo, pois a filosofia tornou-se uma base de sustentação teórica para as ciências, sobretudo nos campos da filosofia da mente, da linguagem, dos conceitos, da lógica. Isso posto, percebemos que é um discurso que não se sustenta. Eu penso ser mais coerente o discurso que recai sobre outros pressupostos, tais: A intenção de excluir da formação a capacidade humana de criticar, analisar, refletir, o que necessariamente produz um ser humano apto para uma sociedade que alimenta a corrupção, as mazelas sociais e que convive nela sem perceber que são eles que mantém, muda, ou constrói a realidade. Isso se prova, por exemplo, no fato que recai sobre a exclusão das disciplinas sociologia e filosofia das instituições de ensino dos países cujo governos são ditatorias. Outro fator que justifica o descrédito da filosofia é a emergência que se dá e tem seu início com as revoluções industriais e tecnológicas, sendo essas emergências a da compreensão de que não a mais nada para descobrir, pois o homem chegou a idade da razão, do positivo, cabendo unicamente fazer ciência. Outro fator, simples,  mas de grande importância, está afeito ao fato de que em uma sociedade da velocidade, da correria, do que é urgente, o agir está em detrimento do ser, refletir e pensar. pois para pensar , refletir, criticar, requer tempo,  enquanto o que é valorizado é o reproduzir, ou no máximo o produzir.
Mas, ainda que todos esses fatores sejam reais, o que muitos não sabem é que a filosofia continua alí, andando ao lado deles em meio de toda essa correria, como uma sombra acompanhando um cego. Isto porque a filosofia está nos mais diversos campos da vida humana, com isso digo que estamos com os elementos da filosofia, ou as atividades básicas da filosofia, mesmo sem saber. Não sabemos que quando perguntamos a hora as pessoas estamos mostrando que acreditamos na existência do tempo e que as coisas e o mundo é regulada por ele. A questão do tempo e de sua existência é um tema filosófico. Quando perguntamos a alguém quem ela é, acreditamos que aquela pessoa tem uma identidade, ela é alguma coisa, que é somente ela e mais nenhuma outra. Eu creio, com essa pergunta que posso conhece-la. Quando dizemos que alguém está mentindo é que acreditamos que existe a verdade, ainda que não saibamos qual o fundamento para que algo seja verdadeiro, temos em nós a noção de que uma verdade existe. Dizemos constantemente, isso não é real, você está iludido. Você perdeu a razão. Ora, quantos elementos filosóficos embutidos em nossas falas cotidianas e não sabemos. Mas não paramos por ai, não sabemos que a lógica do computador que usamos é uma lógica que remonta os tempos áureos da filosofia e está bem descrito na monadologia de um filósofo alemão chamado Leibniz. E por último, não percebemos que a ciência busca para seus objetivos e propostas as respostas já analisadas e encontradas para a filosofia, método, racionalidade, objeto, conhecimento, não é campo de investigação da ciência, mas da filosofia, entretanto a ciência se vale do anonimato da filosofia para fundamentar seus experimentos, pense que Descartes era filosofo, mas seu método é tão vivo na ciência atual e não é por acaso que existe a filosofia da ciência nos departamentos de física.
Enfim, chegamos a mostrar como e porque a filosofia é detentora desse engodo de não útil e também que na verdade ela é tão presente nas nossas vidas, mostrando e exemplificando seus elementos tão fortes nas nossas práticas costumeiras e também, tão rica para o trabalho dos cientistas. Na verdade estamos cheios de filosofia, é uma pena também não percebermos. Na sua casa existe uma série de aparelhos que funcionam graças a lógica filosófica.  Mas não chegamos, com isso, necessariamente ao ponto que nos propomos a responder: Por que o mundo precisa de filosofia? Mas essas, serão passagens, para nossa próxima e última parte.

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