quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O que é isso, o sujeito na contemporaneidade?

Hanks Steve. The Thinkers (private collection)

O que é isso, o sujeito na contemporaneidade?
Por Cleidson de Oliveira*

É quase unânime, na área de filosofia e mesmo nas ciências humanas, a compreensão que consiste na seguinte afirmação: a proximidade, causa uma dificuldade para definir esse momento e esse sujeito desse momento, isso se justifica, pois não temos distancia suficiente para definir em sua totalidade o que é esse sujeito e essa contemporaneidade, também a isso insiro aqui um certo comodismo e segurança com o estabelecido. Mas, essa apória não pode, nos afastar das perguntas já levantadas por Foucault em um comentário de um ensaio de Kant, sobre "a questão do presente, a questão da atualidade: o que é que acontece hoje? O que acontece agora? E o que é esse “agora” no interior do qual estamos, uns e outros, e que define o momento onde escrevo?
Kant escreve um livro intitulado "O que é isso o iluminismo?" Para Foucault, com essa pergunta Kant cria os limites entre a modernidade e a contemparaneidade, por crer que o elemento principal que marca o contemporâneo está na interrogação crítica feita pelo sujeito  contemporâneo, no uso de sua razão, em torno de uma analítica do presente, uma ontologia de nós mesmos, parecendo-me que essa escolha na qual nos encontramos confrontados atualmente é a seguinte: pode-se optar por uma crítica que se apresenta como uma  analise da realidade em geral, ou bem se pode optar por um pensamento crítico que toma a forma de uma pergunta de nós mesmos e de um saber da atualidade, é esta forma de pensar e criar bases para a praxix que de Hegel à Escola de Frankfurt, passando por Nietzsche e Max Weber, fundou uma forma de reflexão a qual chamamos de contemporaneidade e que possibilita a ação desse sujeito da história.
Bom, eu escolhi até aqui essa linha, um tanto centrada em uma questão da filosofia, para mostrar que essa pergunta, feita lá no século XVIII vai ser esse "pano para as mangas" que estamos a refletir hoje. Assim, fazendo alusão ao textos e a pesquisa dos filósofos anteriormente citados, lanço essa pergunta: O que é isso, esse sujeito da contempareneidade? E valho-me dos elementos usados para questionar o iluminismo para guiar-me na reflexão em torno dessa questão. A época em que vivemos é diferente da modernidade, embora seja filha dela, e os elementos que definem essa contemporaneidade são, o entusiasmo na ciência e nas técnicas, moldadando a realidade natural e cultural, dando a essas um aspecto virtual, artificial, mas esse entusiasmo vem perdendo vigor quando percebemos o quanto o mal uso da ciência e das tecnologias pode nos levar, como diz Boff, "ao fim da aventura humana na nave chamada terra" e também da ausência de liberdade por um engodo da sua plenitude, assim, dessa reflexão nasce a filosofia ecológica, os movimentos holísticos,uma consciência ambiental. Entra também nos elementos da Contempareidade e do sujeito contemporaneo, a questão da industria cultural, da mídia, da comunicação digital, que disse Horkheimer, pode, por seu uso, auxiliar na construção de uma sociedade mas humana, ou leva-la a destruição. Aqui, seguindo este pensador, insiro a razão crítica e a razão instrumental, fazendo a relação com o que fora citado no capítulo 3 do módulo quando fala do sujeito da contemporaneidade, um agente da história e um sujeito a sua margem e o que Kant vai chamar de, sujeito da luz, ou da razão, em oposição ao sujeito da menoridade. Essas classificações podem ser resumidas em: O sujeito que reflete, analisa, busca compreender o que está acontecendo hoje e o que se é no hoje, encontrando as possibilidades de atuação, construção e recontrução, frente ao sujeito passivo, preguiçoso, que a história passa e também todas as discrepâncias da contradição e luta histórica recai sobre ele. Ligando isso a questão da educação, veremos que, ser um professor atuante é ser um professor da sua época, a par das transformações e novidades, não só para usa-la, ou para fazer elas funcionarem, estando na dimensão da razão instrumental, mas refletindo e criticando-a, para construir com essas ferramentas um mundo justo e sustentável. Pois aqui, vale tanto o conhecer, sentir e compartilhar, para construir.

*Blogger: conviteaofilosofar.blogspot.com
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